Retrospectiva 2014: O Candangão das chuteiras e do novo campeão

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Que me perdoem aqueles que querem um futebol do DF cada vez mais valorizado, mas não tem como iniciar uma retrospectiva do que aconteceu nos gramados da capital sem citar seu episódio inaugural: o sumiço das chuteiras dos jogadores do Formosa justo na primeira partida do Candangão 2014, no dia 18 de janeiro diante do Brasília no Serejão. Nos momentos em que deveria estar sendo disputada a partida todos se questionavam o que havia acontecido com o ônibus do time goiano, cujo sumiço fez com que os jogadores, além de ficar sem seus calçados, tivessem que se locomover pro estádio de táxi. Passado o tempo limite para o clube se apresentar em campo o juiz deu a vitória ao Colorado por W.O.

Depois descobriu-se que o próprio motorista tinha sido responsável pelo sumiço do ônibus, com direito a coletiva de delegado para esclarecer o caso e tudo mais. Certo é que esse caso de polícia, além de contribuir para tumultuar a tabela do campeonato, deu uma amostra de quão conturbado seria o primeiro semestre dos clubes do Distrito Federal.

A princípio tudo foi correndo na mais santa paz, e logo de cara um time começou a se destacar na tabela: o Luziânia. O Azulino começou avassalador com uma sequência de 100% que logo o credenciou como um dos favoritos para o título. Os times tradicionais fizeram o que se esperava deles, Gama, Brasiliense, Brasília, Sobradinho e Ceilândia garantiram suas classificações sem maiores atropelos.

Chamou a atenção também a campanha do Santa Maria, que com uma campanha honesta garantiu a oitava posição na tabela, espantando qualquer ideia de que a Águia pudesse ir mal no campeonato por ter sido composto por jogadores do Gama no ano anterior. Na fase seguinte foi inevitável que sucumbisse diante do Luziânia.

Fica como nota negativa o rebaixamento da “dupla do rock” Legião e Capital, os dois rebaixados para a segunda divisão de 2015. Do Legião pouco pode se falar diante da campanha sofrível que teve no certame, porém o Capital investiu em estrutura e no papel tinha um elenco que prometia ir bem no campeonato, inclusive contando com a presença de Iranildo, em campo ficou devendo e acabou rebaixado junto com o Leão.

Tudo prometia correr bem em 2014 se não fosse uma coisinha que pegou todos de surpresa: a boa campanha dos representantes do Distrito Federal na Copa Verde – Brasiliense e Brasília – obrigou a Federação Brasiliense de Futebol a adiar diversas rodadas que contasse com a presença dos dois clubes, e complicou inclusive a achar uma data para remarcar o jogo das chuteiras (Brasília x Formosa) após decisão favorável ao Tsunami.

Aos trancos e barrancos a primeira fase foi encerrada e, por conta dos adiamentos provocados pela Copa Verde a FBF divulgou um cronograma de jogos que previa um intervalo de tempo de apenas dois dias entre as partidas dos mata-matas decisivos. Isso atingiu em cheio o Unaí/Paracatu, que estava mandando seus jogos no Estádio Frei Norberto, a mais de 200 km de Brasília.

Faltando 24h para o confronto entre Brasiliense x Unaí/Paracatu, a FBF anunciou a mudança do local de jogo para o estádio Serra do Lago, campo do Luziânia. Sem tempo hábil para preparar a logística da viagem o tricolor não compareceu ao compromisso e, naquele momento, a federação se deparava com outro W.O., e desta vez as consequências seriam terríveis.

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Um segundo jogo, no Serejão, chegou a ser disputado (terminando em 1 a 0 para o Jacaré), e os demais confrontos correram normalmente – passando Luziânia, Brasília e Sobradinho para a fase seguinte – porém o TJD/DF anulou o W.O. do jogo do Serra do Lago e por conseguinte a vitória amarela no Serejão. Como Brasília e Brasiliense acabaram por se encontrar na semifinal da Copa Verde o certame local ficou sem datas para se remarcar as partidas a curto prazo, paralisando o campeonato.

Os dois clubes só voltariam a se enfrentar duas semanas depois, e seus adversários acabariam ficando quase um mês parados sem jogar.

Quando as semifinais finalmente foram disputadas os torcedores foram brindados com dois embates emocionantes. O Luziânia se classificou diante do Sobradinho após um empate renhido no Augistinho Lima em 0 a 0 e decidiu no Serra do Lago abrindo o placar no primeiro tempo e fazendo um gol contra nos acréscimos do segundo pra deixar todos no estádio apreensivos.

E emoção mesmo veio do confronto entre Brasília e Brasiliense, partida que tinha como tempero a classificação colorada em cima do rival na Copa Verde. No primeiro jogo vitória vermelha por 1 a 0. Já no segundo muita gente enfartou, o Jacaré vencia por 2 a 1 até os 48 do segundo tempo quando um pênalti foi assinalado na área amarela. Clécio converteu e levou o time do avião para a decisão no Mané Garrincha.

O estádio que em pouco menos de um mês receberia partidas oficiais da Copa do Mundo de 2014 preparou uma festa para os dois finalistas. Do lado azul a empolgação de uma cidade inteira que via a grande chance de seu representante levantar sua primeira taça, do outro torcedores órfãos de grandes conquistas que vinham embalados na onda da vitória da Copa Verde e no meio o sorteio de um carro 0km incentivar a galera.

Brasilia, DF, Brasil, . (Foto: Andre Borges/ ComCopa)

Foi preciso poucos minutos para que um furacão azulino varresse o avião vermelho do mapa com três gols logo no primeiro tempo da primeira partida. O Colorado até conseguiu fazer a mesma quantidade de gols ao longo dos 180 minutos. Foi pouco. A vantagem – e a taça – eram merecidamente goianas.

Há muito tempo um título do Campeonato Brasiliense de Futebol não era tão festejado, curiosamente a população que festejou junto com seus heróis do relvado não era brasiliense, mas a lição de organização e de como cativar uma torcida eram sim para os brasilienses.

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